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06 capoeira regional - ginga, com amor - a palma de bimba.mp3

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

grupo de capoeira convivência negra

                                 

                                   Grupo de Capoeira Convivência Negra



Grupo de capoeira convivência negra

 Fundado em 15 de fevereiro de 2003 na cidade de Catu Bahia. Por Valdinei Conceição dos Santos (dy ou topa-tudo) onde ele formou o grupo no fundo de sua casa em um campinho com 33 alunos só amigos da rua onde ele mora. Convivência negra quer dizer conviver em  qual quer lugar. O grupo também adotou o lema do grupo ACARE do mestre Nildo. 

 Sistema de graduação do Grupo de capoeira convivência negra

1° iniciante-verde
  Graduado-amarelo
3° graduado-azul
4° intermediário-verde e amarelo
5° avançado-verde e azul
6° estagiário-azul e amarelo
7° formado-verde, azul e amarelo.
8° monitor- verde e branco
9° professor-amarelo e branco
10° contra mestre-azul e branco
11° mestre-branco

   O grupo em 2009 criou um projeto de palestra que o deram o nome de projeto ação e informação, junto com a pastoral da juventude da igreja católica de Catu, onde teve o apoio de Daniela Lima, Bel e Gabriel.  Já tiveram  como palestrantes Emerson (vereador índio) e doutor Vinicius. No grupo não eram permitidos agarramentos, socos, pesadas e nem brigas. O grupo é Regional e Angola treinava mobilização e sequencia de bimba. O uniforme do grupo é camiseta e calça azul com o escudo branco.


                                                                              

                                           Cidade de Catu-BA



História da cidade de Catu

Até 1782 são poucas as notícias sobre o território onde está situado o município de Catu no estado da Bahia. Sabe-se apenas que, quando os portugueses chegaram à Bahia, aquela região era ocupada pelos índios guerreiros Pataxós e Tupiniquins, que mais tarde se retiraram para os sertões, fugindo da ocupação dos colonos portugueses.
A área onde foi criada a cidade de Catu fazia parte das terras das sesmarias do Conde da Ponte, onde grande número de colonos se estabeleceu, mas coube à igreja católica dar o primeiro passo para a fundação da freguesia de Santana do Catu abrangendo a vastidão daquelas terras.
Foi o décimo segundo Arcebispo da Bahia, Dom Antônio Correia que, em 1787, fundou aquela freguesia. Passado quase meio século, em 23 de julho de 1830, reuniram-se na casa do visitador, Padre João Nepomuceno Moreira de Pinho, os vigários de Santana do Catu e o de Alagoinhas, para acertarem a demarcação dos limites de suas freguesias e chegaram a um acordo. Essas divisas foram reconhecidas a 26 de junho de 1863 pelo presidente da Província, Dr. José Bonifácio Vasconcelos de Azambuja.
Por força da Lei provincial n.° 1.058, de 26 de junho de 1868, foi criado o município com a denominação de Santana do Catu, com território desmembrado da então denominada Vila de São Francisco, ocorrendo sua instalação a 6 de março de 1877.
Na divisão administrativa do Brasil, de 1911, o Município compunha-se dos distritos de Santana do Catu (sede), Pojuca e São Miguel, perdendo o segundo pela Lei estadual n.° 979, de 29 de julho de 1913, quando elevado a categoria de Município. Santana de Catu teve o nome simplificado pelo Decreto estadual número 7.455, de 23 de junho de 1931, ratificado pelo de número 7.479, de 8 de julho do mesmo ano. Foi elevado à categoria de Cidade em 30 de março de 1938.
Desde o Decreto estadual n.° 11.089, de 30 de novembro de 1938, que o Município é formado de 3 distritos: Catu (sede), Bela Flor (ex-São Miguel) e Sítio Novo.
Passados mais de 200 anos desde a fundação da freguesia de Santana do Catu, o hoje denominado município de Catu conta com uma população de 51.175 habitantes. A topografia irregular do município faz com que suas casas se derramem pelas ruas traçando um retrato singular da cidade.


BAIRROS, DISTRITOS E COMUNIDADES RURAIS
  • Bairros
  • Baixada da Paz
  • Baixada Ouro Negro
  • Barão de Camaçari (Ramela)
  • Boa Vista (Aruanha)
  • Bom-Viver
  • Centro
  • Gravito
  • Flemming
  • Pau-Lavrado
  • Pioneiro
  • Planalto I
  • Planalto II
  • Oscar Pereira de Souza (Rua Nova)
  • Santa Rita
  • Urbis
  • Distritos
  • Bela-Flor
  • Sítio Novo
  • Comunidades rurais
  • Dois Riachos
  • Quarenta
  • Estanques
  • Rio Vermelho
  • Paraíba
  • Varões
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CULTURA
Festas tradicionais
Festa de Reis (Bairro Barão de Camaçari) – Festa realizada no mês de Janeiro no bairro Barão de Camaçari. A festa é composta pela apresentação de diversas bandas, grupos folclóricos e conta com grande participação popular.
São João/Aniversário da Cidade – Maior festa popular do município, realizada entre os dias 23 a 26 de junho, com apresentações de diversas bandas, quadrilhas e atividades com as autoridades políticas.
Festa da Padroeira da Cidade: Nossa Senhora Santana, realizada em 26 de julho.
Datas comemorativas
  • 26 de junho – dia do aniversário do município
  • 26 de julho – dia da padroeira da cidade


CONTATO:


PREFEITURA MUNICIPAL DE CATU
Praça Duque de Caxias – Centro – S/N
Cep: 48.110¬-00 – Catu - Bahia
Tel: (71) 3641 - 1122  Fax (71) 3641 – 1793



Hino da cidade de Catu-BA 

Salve Catu,terra formosa
terra feliz entre outras mil
Bom foi teu nome de batismo
Na voz nativa do Brasil.

Teu céu azul mais do que todos
se enche de luz e de esplendor
A terra verde é teu orgulho,
Padrão de força e de valor.

Salve das vilas,oh!Princesa
Que tão bens sabes avançar
Vais na vanguarda do progresso
Ninguém concorre em teu lugar.

Tens a fatura no teu seio
Tens a riqueza no teu sol
Teu solo ubérrimo  da tudo
Não tens inveja do ouro alheio.

Tem a razão a voz nativa
Que te faz grande entre outras mil
Teus filhos vão de ver-te forte
Para a grandeza do brasil.


Autoria do hino: Joaquim de Araújo Lima


Hitoria

                     
                                                       História da Capoeira

Origem da palavra capoeira, cultura afro-brasileira, luta, funções sociais, como começou  a capoeira, proibição, transformação em esporte nacional, os estilos




Raízes africanas 
A história da capoeira começa no século XVI, na época em que o Brasil era colônia de Portugal. A mão-de-obra escrava africana foi muito utilizada no Brasil, principalmente nos engenhos (fazendas produtoras de açúcar) do nordeste brasileiro. Muitos destes escravos vinham da região de Angola, também colônia portuguesa. Os angolanos, na África, faziam muitas danças ao som de músicas. 

No Brasil 
Ao chegarem ao Brasil, os africanos perceberam a necessidade de desenvolver formas de proteção contra a violência e repressão dos colonizadores brasileiros. Eram constantemente alvos de práticas violentas e castigos dos senhores de engenho. Quando fugiam das fazendas, eram perseguidos pelos capitães-do-mato, que tinham uma maneira de captura muito violenta.

Os senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de luta. Logo, os escravos utilizaram o ritmo e os movimentos de suas danças africanas, adaptando a um tipo de luta. Surgia assim a capoeira, uma arte marcial disfarçada de dança. Foi um instrumento importante da resistência cultural e física dos escravos brasileiros.

A prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas (galpões que serviam de dormitório para os escravos) e tinha como funções principais à manutenção da cultura, o alívio do estresse do trabalho e a manutenção da saúde física. Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com pequenos arbustos, chamados na época de capoeira ou capoeirão. Do nome deste lugar surgiu o nome desta luta.

Até o ano de 1930, a prática da capoeira ficou proibida no Brasil, pois era vista como uma prática violenta e subversiva. A polícia recebia orientações para prender os capoeiristas que praticavam esta luta. Em 1930, um importante capoeirista brasileiro, mestre Bimba, apresentou a luta para o então presidente Getúlio Vargas. O presidente gostou tanto desta arte que a transformou em esporte nacional brasileiro.

Três estilos da capoeira 
A capoeira possui três estilos que se diferenciam nos movimentos e no ritmo musical de acompanhamento. O estilo mais antigo, criado na época da escravidão, é a capoeira angola. As principais características deste estilo são: ritmo musical lento, golpes jogados mais baixos (próximos ao solo) e muita malícia. O estilo regional caracteriza-se pela mistura da malícia da capoeira angola com o jogo rápido de movimentos, ao som do berimbau. Os golpes são rápidos e secos, sendo que as acrobacias não são utilizadas. Já o terceiro tipo de capoeira é o contemporâneo, que une um pouco dos dois primeiros estilos. Este último estilo de capoeira é o mais praticado na atualidade.
Você sabia?
- É comemorado em 3 de agosto o Dia do Capoeirista.





                      Capoeira Regional x Capoeira Angola 



Manoel dos Reis Machado (mestre Bimba)


                            A Vida
                         Mestre Bimba (Manuel dos Reis Machado) filho de Luiz Cândido Machado e Maria
                      Martinha do Bonfim,  nasceu no bairro de Engenho Velho, freguesia de brotas, Salvador
                   Bahia em 23 de novembro de 1900. Recebeu esse apelido devido a uma aposta que sua
                      mãe fez com a parteira que o " aparou " .  Ao contrário do que a  Mãe achava, a parteira
                     disse que iria nascer um menino, se fosse receberia o apelido de "Bimba" pôr se tratar, na
                                                Bahia, de um nome popular do órgão sexual masculino.
 
                           A Prática
                     Começou a praticar capoeira aos 12 anos de idade na estrada das Boiadas, hoje o Bairro
                 Negro da Liberdade, com o africano Bentinho, capitão da navegação Baiana. Foi estivador
                      durante 14 anos e começou a ensinar capoeira  aos 18 anos de idade no Bairro onde nasceu
                  no "Clube União em Apuros". Até 1918 não existia academias como hoje e treinava-se nas
                                              esquinas, nas portas dos armazéns e até no meio do mato.
 

                  O Surgimento da Regional
                        Consideramos ineficaz e muito folclorizada a capoeira da época, devido ao fato de os
                         movimentos eram extremamente disfarçados, mestre Bimba resolveu desenvolver um estilo
                         de capoeira mais eficiente, inspirando-se no antigo "Batuque" (luta na qual seu pai era um
                       grande lutador, considerado até um campeão) e acrescentando a sua própria criatividade,
                       introduziu movimentos que ele julgava necessário para que a capoeira fosse mais eficaz.
                     Então em 1928, mestre Bimba criou o que ele denominou "Capoeira Regional Baiana" por
                                                ser esta praticada única e exclusivamente em Salvador.
 

     O Reconhecimento da Capoeira no Brasil
          
               A partir da década de 30, com a implantação do Estado Novo, o Brasil atravessou uma fase
           de grandes transformações políticas e culturais, onde os ideais nacionalistas e de modernização
           ficaram em evidência.Nesse contexto, surge a oportunidade de Mestre Bimba fazer com que o
           seu novo estilo de capoeira alcançasse as classes sociais mais privilegiadas.Em 1936 fez a 1º apresentação  do trabalho e no  ano seguinte foi  convidado pelo governador da Bahia,o General Juracy Magalhães, para fazer uma apresentação do palácio do governador onde estavam presentes autoridades e convidados, inclusive o presidente da época que gostou  muito da apresentação. Dessa forma a capoeira é reconhecida como"Esporte Nacional" Mestre Bimba foi reconhecido  pela Sec. Ed. Ass. Pública ao estado da Bahia como Professor de Educação física e sua academia foi a 1ª no Brasil reconhecida por Lei.
 

                                A diferença
         O que faz com que Mestre Bimba se destacasse do demais capoeiristas de sua época, é que ele foi o  1º  a  desenvolver um sistema de ensino e a ensinar em recinto fechado. Além desse  sistema , ele elaborou  técnicas  de  defesa Pessoal até mesmo  contra armas . Mestre Bimba  preocupava-se demais com a imagem da  Capoeira, não permitindo  treinar  em sua academia aqueles que não trabalhavam nem estudavam.
                                                .     
                        A Morte
           Em 1973, Mestre Bimba, por motivos financeiros, deixou a Bahia, sob acusação de que os "Poderes Públicos" Jamais haviam o ajudado. Faleceu em Fevereiro de 1974 em Goiânia, vítima de um derrame cerebral.
                                                    .
           Antigo Método de Treinamento de Bimba
             Mestre Bimba desenvolveu o 1º método de ensino que vemos a seguir como ele funcionava:
             • Exame de admissão
             Dizia-se que em outros tempos, Mestre Bimba aplicava uma "Gravata" no pescoço indivíduo que quisesse treinar e dizia "Agüenta ai sem chiar", Se agüentasse o tempo que ele mesmo determinava estaria matriculado. Mestre Bimba justificava esse critério dizendo que só queria macho em sua academia. Mais tarde mudou os critérios, Submetendo o  Candidato a fazer alguns movimentos para que ele pudesse avaliar se o pretendente tinha  condição ou não para praticar a capoeira regional. A próxima fase seria aprender a
     "Seqüência de Ensino".
         • O Aprendizado
       O aluno nesse fase aprendia o que se chamava "Seqüência de Ensino" que eram as oito seqüências de movimentos de ataque, esquivas e contra ataque destinadas somente aos  iniciantes, simulando as situações mais comuns que o aluno enfrentaria durante o jogo de  capoeira.
                                                    .
                            Observação:
            Esse foi o 1º método de ensino criado para ensinas alguém a jogar capoeira e o calouro treinava essas seqüências em  duplas sem o acompanhamento dos instrumentos. Quando  estas estivessem bem decoradas o Mestre dizia: "Amanha você vai entrar no aço, no aço do Berimbau". Era comum naquele tempo dizerem que o capoeirista quando agarrado, não tinha como
 reagir.  Então mestre Bimba, com sua criatividade ensinava seus alunos quais eram as  melhores saídas.Todos esses ensinamentos faziam com que o método de mestre Bimba  fosse incomparável e esse treinamento durava cerca de 3 meses só então é que o aluno seria batizado.
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                        O Batizado
          O batizado era quando o aluno jogava pela 1ª vez na roda com o acompanhamento dos instrumentos que era formado por 1 berimbau e 2 pandeiros. O mestre escolhia o formado que jogaria com o calouro e então tocava o toque que caracteriza a capoeira regional, para  isso o calouro era colocado no centro da roda para que o formado ou o próprio mestre desse um apelido a ele. Escolhido o "nome de guerra" todos aplaudiam e então o mestre mandava o calouro pedir a  "Benção" do padrinho, e ao estender a mão para o formado que o batizou, receberia uma "Benção"(Golpe frontal dado com a parte inferior do pé  empurrando o adversário na altura do peito) que o jogava no chão. Era necessários pelo menos, 6 meses de treino para se formar na Capoeira Regional. O exame era realizado em 4 domingos seguidos, no Nordeste de Amaralina, academia do mestre, os alunos a serem examinados eram escolhidos por ele. Durante 4 dias os alunos  eram submetidos a algumas situações onde teriam que mostrar os valores adquiridos durante a fase de aprendizado, como por exemplo: força, reflexo, flexibilidade e etc. No último domingo é que o mestre dizia quem havia sido aprovado e então ensinava novos golpes e também marcava o dia da formatura.
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                        A Formatura
            A cerimônia iniciava com uma roda de formados antigos para que as madrinhas e os convidados pudessem ver o que era a Capoeira Regional. Mestre Bimba ficava ao lado do som, que era formado por 1 Berimbau e 2 pandeiros, comandando a roda e cantando as músicas características da Regional. Terminada a roda, o mestre chamava o orador que geralmente era um formado mais antigo para falar um breve histórico da Capoeira Regional e do mestre.Após o histórico, o mestre entregava as medalhas aos paraninfos e os lenços azuis (Graduação dos Formados) as madrinhas.O paraninfos colocava a medalha ao lado esquerdo do peito do  Formado e as madrinhas colocavam os lenços nos pescoços dos seus respectivos afilhados. A partir dai os formados demonstravam alguns movimentos a pedido do mestre para mostrar a sua competência, incluindo os movimentos de "cintura desprezada", "jogo de floreio" e  "escrete" que era o jogo combinado com o uso dos Balões. Para terminar, chegava a hora do "Tira-medalha" onde o recém formado jogava com um  formado antigo que tentava tirar a sua medalha com qualquer golpe aplicado com o pé. Só então depois de passar por isso tudo é que o aluno poderia se considerar aluno formado de mestre Bimba, tendo direito até de jogar na roda quando o mestre estivesse tocando Iuna que  é o toque (onde quem joga hoje são só os mestres) criado por ele para esse fim. A partir dai  só restava o curso de especialização que veremos a seguir.
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                    O Curso de Especialização
          Tinha duração de 3 meses, sendo 2 na academia e 1 nas matas da Chapada do Rio Vermelho Tratava-se de um treinamento de guerrilha, onde aconteciam as emboscadas, armadilhas e  etc., que consistia em submeter o formado a situações das mais difíceis, desde defender-se de 3 ou mais Capoeiristas, até defender-se de armas. Terminado o curso, o mestre fazia a  mesma festa para os novos especializados, e estes recebiam o lenço vermelho a cor que representava a nova graduação. O aluno que se formava ou se especializava, tinha a o dever de pendurar um quadro com a foto mestre, do padrinho, do orador, e a própria foto.
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                          Conclusão
    Mestre Bimba realmente foi o grande "propulsor" da Capoeira no Brasil mas , muitos dos Métodos citados acima não são mais usados na verdade grande parte deles nao existe mais a muito tempo mas, foram muitos úteis. Para nós Capoeiristas só resta dizer: Muito obrigado  ao Mestre Bimba.



     Vicente Ferreira Pastinha (mestre pastinha)





MESTRE PASTINHA Mestre Pastinha, nasceu em 5 de abril de 1889, descendente de pai espanhol e mãe baiana, foi batizado em 1889 com o nome de Vicente Joaquim Ferreira Pastinha na cidade de Salvador-Ba. Conta-se que o princípio de sua vida na roda de capoeiragem aconteceu quando tinha 8 anos, sendo seu mestre o africano Benedito, o que ao vê-lo apanhar de um garoto mais velho, resolveu ensinar-lhe as mandingas, negaças, golpes, guardas e malícias da Angola. O resultado veio logo aparecer, Pastinha nunca mais fora importunado por ninguém. Mestre Pastinha serviu na Marinha de Guerra do Brasil, onde permaneceu por um período de 8 anos. Mestre Pastinha de tudo fez um pouco, trabalhou como pedreiro, pintor, entregava jornais, tornou conta de casa de jogo; no entanto, o que mais gostava de fazer era ensinar "a grande arte". Pastinha conhecia a capoeira, sabia como era importante continuar aquela cultura, aconselhava que era preciso ter calma no jogo "quando mais calma melhor pró capoeirista", e que a capoeira "ela é o pai e mãe de todas as lutas do Brasil". Sabia muito bem os fundamentos e os segredos existentes na capoeiragem, cantava, tocava os instrumentos e ensinava como um verdadeiro mestre deve fazer. Pastinha foi nas rodas de capoeira um autêntico mestre, um bamba na luta. Saindo da Marinha em 1910, inicia sua fase de professor de capoeira, seu primeiro aluno foi Raimundo Aberrê, este se tornou um exímio capoeirista, conhecido em toda Bahia. Segundo Mestre Pastinha, sua primeira academia ficava localizada no Largo do Cruzeiro do São Francisco, na rua do meio do terreiro. Pastinha dizia: "A capoeira tem muitas coisas. Primeira parte; a capoeira tem seu dicionário; segunda parte: tem seu dicionário; terceira parte: tem seu dicionário e quarta parte: tem seu dicionário". Ensinava que quando alguém fosse falar sobre capoeira dissesse somente o que sabia, "não vá dizer que a capoeira é o que ela não é, nem vá contar o que não viu ninguém falar, então, não vá contar aquilo que não pode contar. Não é todo mundo que vá abrir a boca e dizer eu conheço a capoeira, a capoeira é isso. Nem todos mentais, nem todos sujeitos podem abrir a boca para cantar o que é capoeira não". Mestre Pastinha era uma pessoa bem humorada, descontraída, bastante receptivo, rico em conhecimento, seu saber transcendia as rodas de capoeira. Era uma pessoa do mundo ideal, camarada amigo, pai e irmão dos discípulos. Viveu intensamente seus longos anos dedicados à capoeira de Angola, classificou-se na história da malandragem, da malícia, como ás. Manteve em sua academia de Angola, a originalidade da eficiência da luta em momento algum fora perdido na academia de Pastinha. Ele contribuiu categoricamente com o seu talento e dedicação à capoeira para que a sociedade baiana e brasileira percebessem a capoeiragem como uma luta-arte imbatível, guerreira, que está além dos paupérrimos preconceitos que há na sociedade. Vicente Pastinha foi filmado, fotografado, entrevistado, gravou disco e deixou um livro, a capoeira nunca mais poderá esquecer este ás, o guardião da capoeira Angola. Foi lá na casa 19, no largo do Pelourinho que funcionava a sua academia, o Centro Esportivo de Capoeira Angola fundada em 1941. Milhares de pessoas estiveram na academia, ficavam impressionadas com as cantorias, com o som dos berimbaus, pandeiros e agogôs e principalmente, com os jogos que lá rolavam. Por fim, foi feita uma reforma n sobrado, disseram ao mestre que ele não tinha com o que se preocupar, após terminadas as obras, ele voltaria lá, seu lar, sua academia. Nunca mais se ouviu a voz de Pastinha dentro do velho sobrado. O Mestre Pastinha não voltou, morreu na escuridão de um quarto decadente no bairro Pelourinho em Salvador.